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Claude Lee, antropólogo francês, há dez
anos vive numa ilha de um arquipélago na Polinésia. Sua missão é pesquisar os
hábitos dos nativos que lá habitam. Os costumes dos nativos são bastante
diferentes dos costumes dos franceses, mas ele tem o cuidado de não julgar o
modo como estes nativos vivem, porque tal avaliação sempre seria parcial. Como poderíamos
abstrair sinceramente a concepção de mundo que herdamos da nossa cultura e avaliar
imparcialmente todas as culturas? O antropólogo tem ainda outro argumento: qual
seria a medida pela qual julgaríamos as culturas? Existem quesitos
transculturais que nos permitem avaliar toda e qualquer cultura? A reposta do
antropólogo é não: toda avaliação está condicionada pelo cultura do avaliador. Assim,
Claude decidiu jamais interferir no modo-de-vida dos habitantes do arquipélago.
Entre os costumes destes, existe o de considerar intocável o povo da ilha X, pois
seriam feitos de uma substância diferente daquela da qual os seres humanos são constituídos,
de tal modo que, ao se tocar um morador da ilha X, ele se transformaria em areia
e água. Num dia de temporal muito forte, um náufrago veio dar na ilha onde o
antropólogo estava morando. Ele percebeu que este homem era habitante da ilha X
e que estava bastante ferido, mas que poderia ser facilmente curado, desde que
os nativos o cuidassem. Estes, contudo, por força de seu costume, não querem
tocar no náufrago Claude Lee, após refletir sobre o assunto, decidiu continuar
não intervindo nos costumes dos nativos da ilha.
O dilema do antropólogo francês é de
aceitação da cultura dos nativos. Quebrando as regras daquela sociedade não
iria gerar uma crise? Já que ele estava em uma missão “Sua missão é pesquisar
os hábitos dos nativos que lá habitam.”
Os
franceses não tem hábito de julgar os outros como diz a passagem “ mas ele tem
o cuidado de não julgar o modo como estes nativos vivem”.